Pular para o conteúdo
Início » Cortina de Luz NR12: O Guia Definitivo de Segurança e Instalação

Cortina de Luz NR12: O Guia Definitivo de Segurança e Instalação

cortina de luz NR12

Cortina de Luz NR12

cortina de luz é um dos dispositivos de segurança mais eficazes e utilizados para a adequação de máquinas à NR12. No entanto, sua simples instalação não é garantia de conformidade. Um cálculo incorreto ou uma montagem inadequada pode criar uma falsa sensação de segurança e manter o risco de acidentes graves.

Este guia definitivo, baseado estritamente na NR12 e em seus anexos, é a sua fonte completa sobre o tema. Aqui, você aprenderá tudo o que é essencial sobre a cortina de luz NR12: desde o cálculo da distância de segurança até os requisitos técnicos para sua correta aplicação.

O que é uma Cortina de Luz de Segurança?

Uma cortina de luz, tecnicamente conhecida como ESPE (Equipamento de Proteção Eletrossensível) ou AOPD (Dispositivo de Proteção Optoeletrônico Ativo), é um dispositivo que cria uma barreira de detecção invisível, composta por múltiplos feixes de luz infravermelha. Ela é formada por duas unidades principais:

  • Emissor: Projeta os feixes de luz.
  • Receptor: Recebe os feixes e monitora qualquer interrupção.

Quando um objeto, como a mão ou o corpo de um trabalhador, interrompe um ou mais desses feixes, o receptor envia um sinal imediato ao sistema de comando da máquina, que interrompe o movimento perigoso antes que o acidente ocorra.

A cortina de luz é uma solução ideal para pontos de operação onde o acesso à zona de risco é frequente e necessário, pois oferece proteção sem impor uma barreira física, otimizando a produtividade.

A Distância de Segurança: O Ponto Mais Crítico da Instalação

cortina de luz NR12
cortina de luz NR12

Esse é um erro bem comum e pode ser perigoso na hora de usar uma cortina de luz: colocar ela muito perto da área de risco. Quando fica assim, o trabalhador consegue chegar na zona perigosa antes que a máquina pare totalmente.

Por isso, é importante ficar atento à distância. Se estiver muito próxima, o risco de acidentes aumenta. O segredo é garantir que a cortina cumpra sua função de proteção, sem facilitar o acesso ao ponto de perigo antes do desligamento completo da máquina.

A NR12, em seu Anexo I – “Requisitos para o uso de detectores de presença optoeletrônicos”, estabelece a fórmula obrigatória para este cálculo, baseada na norma internacional ISO 13855:

S = (K x T) + C

Onde:

  • S (Distância Mínima de Segurança): É o resultado final, em milímetros (mm), da distância onde a cortina de luz deve ser instalada.
  • K (Velocidade de Aproximação): É a velocidade com que uma parte do corpo se aproxima da zona de risco. A norma define valores padrão:
    • 2.000 mm/s: Para cortinas verticais quando a distância (S) for menor ou igual a 500 mm.
    • 1.600 mm/s: Para cortinas verticais quando a distância (S) for maior que 500 mm, ou para cortinas horizontais.
  • T (Tempo Total de Parada): É o tempo, em segundos (s), que a máquina leva para parar completamente após o sinal de interrupção. Este tempo é a soma do tempo de resposta da cortina de luz + o tempo de resposta do sistema de comando da máquina + o tempo de parada do mecanismo perigoso (inércia). Este valor deve ser medido na prática com equipamentos específicos (ex: Stop Time Measurement).
  • C (Distância Adicional de Intrusão): É uma distância de segurança extra, baseada na resolução da cortina de luz (a capacidade de detectar objetos pequenos). O Quadro I do Anexo I da NR-12 fornece este valor:
Resolução (Capacidade de Detecção)Distância Adicional (C)Aplicação Comum
≤ 14 mm0 mmProteção de dedos (altíssimo nível de segurança)
> 14 a 20 mm80 mmProteção de dedos
> 20 a 30 mm130 mmProteção de mãos
> 30 a 40 mm240 mmProteção de braços
> 40 mm850 mmDetecção de corpo inteiro


Imagine uma prensa cujo tempo total de parada (T) medido foi de 0,25 segundos. Assim instalamos a cortina de luz vertical com resolução de 30 mm para proteção de mãos.

Exemplo Prático de Cálculo:

  1. K: Como a distância provavelmente será menor que 500 mm, usamos K = 2.000 mm/s.
  2. T: 0,25 s.
  3. C: Para uma resolução de 30 mm, a tabela indica C = 130 mm.

Cálculo:
S = (2.000 x 0,25) + 130
S = 500 + 130
S = 630 mm

A cortina de luz deve ser instalada 63 cm ou mais da zona de perigo.

Tipo 2 vs. Tipo 4: Qual Cortina de Luz Usar?

A confiabilidade de uma cortina de luz é classificada em “Tipos”. A escolha correta depende da categoria de segurança exigida pela apreciação de riscos da máquina.

  • Cortina de Luz Tipo 2:
    • Possui uma arquitetura de canal único com autodiagnóstico periódico.
    • Uma falha interna pode levar à perda da função de segurança entre os testes.
    • Geralmente utilizada em aplicações de baixo risco (Categoria 2).
  • Cortina de Luz Tipo 4:
    • Possui uma arquitetura de canal duplo (redundante) com monitoramento contínuo.
    • Uma falha interna é detectada imediatamente, e o sistema entra em estado seguro.
    • É obrigatória para aplicações de alto risco (Categorias 3 e 4), como em prensas, guilhotinas e dobradeiras, conforme o Anexo VIII da NR-12.

Cartilha de Cooperação Brasil-UE reforça a importância desse conceito, mostrando que a avaliação de conformidade, assim como a Marcação CE na Europa, garante que o componente de segurança (a cortina de luz) atende aos requisitos de sua categoria. No Brasil, deve-se sempre optar por componentes certificados ou de fabricantes que comprovem a conformidade com as normas técnicas aplicáveis.

Requisitos Essenciais para a Instalação e Uso

Além do cálculo da distância, a instalação de uma cortina de luz na NR12 deve seguir outros requisitos fundamentais:

  • Altura de Instalação: A barreira de proteção deve cobrir toda a zona de acesso, impedindo que o operador passe por cima, por baixo ou pelos lados da área de detecção.
  • Monitoramento por Interface de Segurança: A cortina de luz deve ser ligada a um relé ou CLP de segurança de categoria compatível, que fará o monitoramento do seu estado e garantirá a parada segura da máquina.
  • Rearme Manual: Após uma interrupção, o sistema de segurança deve exigir um rearme (“reset”) manual e intencional, localizado fora da zona de risco e com visão completa da área protegida, para que a máquina possa voltar a operar.
  • Imunidade a Interferências: A instalação deve garantir que a cortina não seja afetada por outras fontes de luz (do ambiente ou de outras máquinas) e também que seus feixes não sejam refletidos por superfícies brilhantes, assim poderia “enganar” o receptor.

Segurança que se vê e se Calcula

cortina de luz NR12 é uma ferramenta poderosa para a proteção de trabalhadores, mas sua eficácia depende totalmente da aplicação correta da engenharia de segurança, então não basta comprar e instalar; é preciso calcular, medir, testar e validar.

Lembre-se sempre da fórmula S = (K x T) + C e da importância de medir o tempo de parada da máquina. Negligenciar esses passos não é apenas uma não conformidade com a norma, mas um risco iminente que pode resultar em acidentes severos. Uma cortina de luz bem instalada é sinônimo de segurança e produtividade mas também uma mal instalada é um perigo invisível.

Perguntas Frequentes sobre cortina de luz NR12

É obrigatório usar uma cortina de luz para adequar uma máquina à NR12?

A cortina de luz é uma das opções de sistema de segurança. A escolha, no entanto, depende do quanto a máquina oferece risco. Muitas vezes, a melhor saída é usar um enclausuramento com proteções fixas ou móveis que travam. Mas a cortina de luz funciona super bem em pontos onde quem trabalha precisa de acesso frequente e rápido.

Ela é prática nesses casos, porque permite que a operação continue tranquila sem precisar parar toda hora para abrir ou mexer na proteção. É uma solução que combina segurança e agilidade, especialmente quando o acesso é constante.

O que acontece se a distância de segurança (S) for calculada incorretamente?

Se a cortina de luz for instalada a uma distância menor que a calculada, vai criar um risco gravíssimo. O trabalhador poderá alcançar a zona de perigo antes que a máquina tenha tempo de parar completamente, tornando a proteção ineficaz e resultando em um acidente. É uma das não conformidades mais perigosas.

Posso usar uma cortina de luz Tipo 2 em uma prensa?

No anexo VIII da NR12, tem uma regra que exige que os sistemas de segurança de prensas e máquinas similares sejam de Categoria 4. Isso quer dizer que, na prática, você precisa usar uma cortina de luz do Tipo 4. Mas por que isso? Porque ela oferece recursos como redundância e automonitoramento, que são essenciais em ambientes de risco alto. Esses recursos fazem toda a diferença, porque, se alguma falha acontecer, o sistema consegue parar de forma segura, evitando acidentes graves.

A cortina de luz de Categoria 4 é uma proteção bem mais confiável, pensada especialmente para proteger quem está operando a máquina. Então, se você trabalha com esse tipo de equipamento, é importante ficar atento a essas regras. Além de cumprir o regulamento, tá ajudando a manter todo mundo na linha de produção seguro.

O que é “resolução” de uma cortina de luz?

Resolução é a capacidade da cortina de detectar objetos de um tamanho específico e uma cortina com resolução de 14 mm, assim garantindo a proteção de dedos, tem feixes bastante próximos uns dos outros. Já uma com resolução de 40 mm, usada para proteger braços, tem feixes um pouco mais espaçados. Essa resolução faz diferença na hora de calcular a distância de segurança, já que ela influencia o fator “C”.

Preciso mesmo medir o tempo de parada (T) da máquina? Não posso usar um valor padrão?

cortina de luz NR12
cortina de luz NR12

Você precisa medir o tempo de parada, mas é importante lembrar que cada máquina é única, né? O tempo pode variar bastante, dependendo do desgaste dos freios, das válvulas e de outros componentes. Então, não tente usar um valor “padrão” ou uma estimativa, porque isso pode acabar sendo perigoso ou bem longe da realidade. A melhor ideia mesmo é fazer a medição com um equipamento específico, chamado Stop Time Measurement, assim, você garante que a medição fique precisa e confiável, sem erro ou problema.

Uma cortina de luz pode ser “burlada”?

Sim. Se a cortina de luz não for instalada corretamente, pode ser burlada. Por exemplo, se houver espaços por onde o operador possa passar (por cima, por baixo ou pelos lados) ou se superfícies reflexivas “enganarem” o receptor, a proteção falhará. Por isso, a instalação correta e o monitoramento por interface de segurança são fundamentais

Conecte-se comigo no LinkedIn: Jeandro Oliveira

Sobre o autor: Sou Jeandro Oliveira, engenheiro eletricista e de segurança do trabalho, CREA 45.793 MG, trabalho com NR12 desde 2013, focado em garantir ambientes seguros e eficientes.

A Segurança da sua Máquina não Termina na Instalação da cortina de segurança para NR12

A cortina de luz é um componente importante na segurança, mas é só quando os trabalhadores estão bem treinados que ela realmente faz efeito. Não adianta ter o equipamento se quem trabalha com ele não sabe usar direito. O treinamento é fundamental para evitar acidentes e garantir que todos saibam o que fazer na hora certa. Então, não se esqueça: equipamentos bons ajudam, claro, mas o maior fator de proteção é uma equipe bem preparada. Você sabe qual a carga horária correta para o treinamento da NR12?

Todos as informações foram tiradas da NR12 no gov.br.